terça-feira, 14 de setembro de 2010

Para aonde corre o suor das axilas


Para aonde corre o suor das axilas?

Ele sempre tenta, mas esbarra na barreira imposta pela sociedade: a camisa

Mas é lá que se manifesta de forma plena: com cheiro e bola molhada embaixo do suvaco

Mas tao logo se manifesta, empolga-se e quer transitar esse mundão de carne chamado corpo

E logo deseja transitar por outros corpos e encontrar-se com a sua própria natureza que advêm de um bicho diferente dele

neste caso, o cecê
o cecê é o lado negro do suor
aquela faceta que mancha uma carreira de sucesso

É tudo aquilo que o suor teme em se transformar

Que denegre o que há de belo na seiva das axilas

Já o suor macho se orgulha dessa faceta

Nem sempre.
Nenhum suor deseja ser cecê
o que o suor deseja é se encontrar com o suor de outrem
transformar seu dna
e alcançar o umbigo.

Texto colaborativo via MSN de Rodrigo Coimbra e Karina Lelles

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O certame do BBB10

“Podem me prender, podem me bater, podem até me deixar sem comer, mas eu não mudo de opinião”. É... o Big Brother new generation começou e, com ele, as novas perspectivas da Playboy, novas manchetes da Capricho, Tititi e Contigo; e novos babados para as pautas do TV Fama. Porque bunda boa e conversa fiada não faltam. Mas o que me chamou atenção no programa exibido nesta quinta-feira, 22, não foi o silicone da PM, muito menos as coxas grossas e torneadas da dançarina de boate da Paulista, mas o tal galã Elieser chegando na Cláudia, ou Cacau para os mais íntimos.

As leitoras que acham o cara uma picanha maturada ou o filé de salmão assados na brasa com papel alumínio que me desculpem, mas já dizia minha avó que “beleza não põe a mesa” e, no caso do modelo da mulher do Galvão, a máxima se confirmou quando em sua investida para pegar uma mulher.

Eu, humilde e de genética limitada no quesito estética, lembrei-me de minha fase menestrel com meus poeminhas de meia tigela rimando sempre a 1ª com a 3ª e a 2ª com a 4ª. A 6ª, sempre foi da birita, nunca dos galanteios. Mas, Eliéser... meu amigo, dizer que nunca tinha gostado de alguém e que, em apenas sete dias, você se apaixonou por uma colega que nunca viu na vida... hahahaha. Me conta outra. Na verdade, você está doido é pra esquentar o pagode da Xurupita, entrar a 80km no túnel e vem com esse papinho de fim de festa para pegar a mina.

Não estou aqui questionando a pulsão natural que envolve sexos opostos (ou não, no caso do BBB 10), mas sim a forma como o sujeito se apropriou do verbo para dizer que, no predicado, o que ele sentia era mais subjetivo que um adjunto há de ver Bial de tempo. E, obviamente, depois do pileque a constatação: o cara é mesmo um mela cueca. Sete anos ininterruptos de academia, uns 5% de massa gorda apenas e poucos neurônios na cuca. Eis que me vem a pergunta: há alguém gostoso e inteligente ao mesmo tempo? Ou apenas compatibilidade de gênios mesmo que sem a lâmpada mágica? Porque a Cláudia, com certeza, é futura capa de revista e o Elieser, quiçá, mais um modelo para propagandas da Zorba ou da Mash – assim como Jesus da Mandonna.

Nas imagens do dia seguinte o que vimos foi uma Cláudia de ressaca moral e um Elieser mostrando que os brutos também mamam, ops, amam. Enquanto isso, na sala de justiça, a tuiteira Tessália mostrou, com seu chassi de codorna, ser muito mais direta e objetiva quando o assunto é: “quero te pegar”. Com ela foi pá-pum, chegou-beijou, sem churumelas, sem rodeios, assim como tem que ser. Pegou o Heman e vai ter agora #FF garantido durante uns dois anos, no mínimo.

No mais, alguns personagens da turma do BBB10 me sugerem certas constatações até então:

- Dicésar: será o eterno conselheiro amoroso da casa; não vai pegar ninguém e daqui a pouco vai subir como biba na parede;

- Elenita: a doutora da Uniban. Chegou tirando onda de inteligente, mas quando o conhecimento é colocado a prova pelo mestre de cerimônia, ela fraqueja e escorrega achando que ninguém viu a calcinha.

- Serginho: ta fazendo o seu bem feito, terá sucesso na vida pessoal.

- Alex: o justiceiro. Como todo e qualquer advogado, tem discurso e teorias para mil e uma noites de BBB. Será garoto-propaganda da OAB.

- Anamara: ou vai pro xilindró assim que sair, ou será Coronel em menos tempo que o esperado pela corporação.

- Marcela: até agora não apareceu cantando nenhuma música do Lenine, Nação Zumbi, Otto, nem uma marchinha de carnaval. Não representa bem seu Estado de origem. É um zero à esquerda.

- Cadú: se deixar o Bigodinho, vai virar coadjuvante galã de seriado da Globo.

- Eliane: na hora que essa mulher resolver soltar a leoa que existe dentro dela, eu queria estar na casa para ver.

- Fernanda, a dentista: disse que se entrega no jogo, mas vai faltar homem para confortá-la. Filma eu Galvão!!!

terça-feira, 30 de junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Tchau,

Será a última das últimas? Será meu cão, agora, quem postará? Será, quem sabe, um sabiá? O que será que será? Será só imaginação? Não, meu irmão. Não é moleza não. Tiraram de mim, de ti e de nós o diploma das mãos. Agora, só resta o barril: se pólvora para os homens da lei, ce(.r)veja para encher o tacho e mandá-los à puta que pariu. Seja crente, seja católico, espírita ou universal. Seja bunda, seja pau, seja o que tiver de ser, seja Uol, seja Carta Capital. Isto É, Manchete e Cruzeiro. Seja no trajeto do ônibus, seja na cagada matinal no banheiro. Contigo na Terra, a História Universal da Infâmia.

Chatô ressuscitou, foi tirado da cova e coisou o Gilmar – que gostou. Virou de ladinho, abriu a perninha e chamou: - Vem que tem meu bem, vem aqui dominar seu neném que te dou. (O telefone tocou, era o Brito) – Estamos indo praí. Eu, o Ric, o segundo grau, os pelos do peluso, vai Ellen depiladinha e pasmem, até a Carmem para aquela gostosa roçadinha. – E o Marco? – Marco ta puto, vai ficar em casa, diz que vai honrar o seu luto.

Não há mais um canudo em prol da liberdade. Faltam-me dedos para andar. Deceparam minha veia pulsátil. Perdi o sentido do tátil, a visão e o fátil, o paladar do palavrar. Bateram o martelo e o tímpano estourou. Nesse São João, não terá pífanos e epifania. Ao Deus Kom Unik Assao, um soco bem dado bem no intestino da fruta e, de diarréia estou orando ao jornalismo com um terço mamão. Chora Carlinhos, chora. Porque vem a Era Nelsinho. Vem os tempos modernos. O jornalemo com franjamadas e lápis preto no bigode do olho. Vem aí o você repórter e o verme do Hermes. O negócio agora é negociar. É estuprar de fato o ato e analisar o que restou dos cacos.

Hoje não dei bom dia ao padeiro. Não beijei a mulher nem abracei o vizinho. Hoje sequer dei meu peidinho ou traguei um paiero. Hoje quero só a pia, a privada, meu celeiro. Vou dar coices no Marinho, no Silvio e no Edir, que, macedo mais tarde, esperava a notícia. Agora, vai ter pastor jornalista pregando em colunas a missa e todos seremos sermão. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, dois filhos e cinco contas pra pagar (mais o parcelamento da Caixa). A Pandora novamente se abriu e saiu um dos últimos males. Meu diproma foi pros ares e, com ele, mergulharei como num vôo Rio-Paris. Vou achar minha caixa preta para ver se a última coisa que disse ao supremo tribunal da comunicação antes do suicídio foi: vão tomar no cú!

Have a nice fucking day mr judges.

Só deixo meu Cariri no último pau de arara.

Rodrigo Coimbra

De Carlos Drummond, frag"meto":

(...)

Salve, Meio. Salve, Melo.
A massa vos saúda
em forma de passa.

Não quero calar junto do amigo.
Não quero dormir abraçado
ao velho amor.
Não quero ler a seu lado.
Não quero falar
a minha palavra
a nossa palavra.
Não quero assoviar
a canção parceria
de passarinho/aragem.
Quero komunikar
em código
descodificar
recodificar
eletronicamente.

Se komuniko
que amorico
me centimultiplico
scotch no bico
paparico
rio rico
salpico
de prazer meu penico
em vosso honor,
ó Deus komunikão.

Farto de komunikar
Na pequenina taba
subo ao céu em foguete
até a prima solidão
levando o som
a cor, o pavilhão da komunikânsia
interplanetária interpatetal.
Convoco os astros
para o coquetel
os mundos esparsos
para a convenção
a inocência das galáxias
para a notícia
a nivola
o show de bala
o sexpudim
o blabladum.

E quando não restar
O mínimo ponto
a ser detectado
a ser invadido
a ser consumido
e todos os seres
se atomizarem na supermensagem
do supervácuo
e todas as coisas
se apagarem no circuito global
e o Meio
deixar de ser Fim e chegar ao fim,
Senhor! Senhor!
Quem vos salvará
de vossa própria,
de vossa terríbil
estremendona
inkomunikhassão?

sexta-feira, 22 de maio de 2009

nesses dias eu tenho lido Bukowski, Numa Fria. Eu nao sei por que me identifico tanto com ele, isso é um problema que um esperma e um óvulo poderiam me responder, mas quando eles existiam eu ainda não sabia falar. eu sequer tinha um cérebro. hoje, que já entendo as letras do alfabeto e consigo juntar algumas para não parecer um austrolopiteco, poderia pergunta-los.

eu me identifico com coisas que muito podem considerar estúpidas, mas que pra mim revela a mais pura filosofia.

então, como nao ganho dinheiro falando merdas francesas apesar de que gostaria, eu escrevi um diálogo logo depois de ler um conto do Buk. Eu tenho a mania de criar esses diálogos na cabeça, e eu sou o ataque e a defesa. Eu sou vários ao mesmo tempo.

Cenário para a leitura: 2 sujeitos, uma cafeteria para intelectuais, uma mesa com 4 quatro cadeiras, duas sendo utilizadas - uma por ele, uma por ela. ele, pode ser eu, você, seu avô, o Hitler. Ela, pode ser eua, voçá, sua avó, a Hitler. Na mesa, um café frio, duas cervejas, um cigarro queimando, um paiêro escostado, dois bêbados falando:

Você dá o cu?

- por que toda mulher pensa em casar? – perguntei à Janine.
- porque se não pensassem assim, você não estaria aqui pra me dizer essa merda – respondeu.
- é verdade - completei.
- e você quer casar? – foi a vez dela.
- não sei se quero deixar no mundo alguém que pense merda como eu.
- e por que você acha que um filho seu vai pensar como você?
- porque se for filho meu, como você disse, mais cedo ou mais tarde vai acabar pensando. Sangue do meu sangue... mas se for filho dela, pode ser que as coisas mudem porque ela pensa em casar.
- e o que você acha disso?
- disso o quê?
- do filho ser dela...
- isso eu acho ótimo.
- então você pode ter um filho.
- mas em casas separadas.
- mas sem a presença do pai ele pode se tornar gay.
- e que mal há nisso?
- você gosta de gays?
- Sou filho do meu pai, não dela.
- você está sendo machista.
- eu não, estou sendo apenas o homem que sou.
- machista!
- e você é bicha.
- quero dar.
- pra homem ou pra mulher?
- pra você.
- mas eu não sou machista?
- e moralista.
- mas você dá o cu? Porque eu tenho vontade de comer um cu.
- então coma o filho dela.
- mas aí é insanidade.
- moralista de novo.
- bem, se ele quiser dar pra mim e eu tiver tesao. Porque eu quero um cu que me dê tesao.
- e como tem que ser esse cu?
- como é o seu? o fetiche é num lisinho e rosinha, mas tenho um fusca e desejo um porsche. coisas da vida.
- o meu ta cabeludo.
- mas eu perguntei como é.
- cabeludo e rosinha.
- eu tenho gilete em casa, você deixa eu raspar?
- eu não raspo o cú, eu depilo.
- mas sou eu quem vai raspar, sua limitada e feminista.
- estou é sem dinheiro pra ir no salão.
- e o que significa essa cerveja, batons, celular moderno, bolsa de grife, sapato de salto e o carro do ano?
- são necessidades.
- mas raspar o cu que é bom... e barato...
- eu não raspo, eu depilo.
- e como depila? Me ensina que eu faço... e com amor. Porque eu amo um cu rosinha e vou me apaixonar ainda mais por ele se eu depilá-lo.
- quero dar.
- e você dá o cu?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sobre o peido.

Eu peguei um ônibus para trabalhar. Eu pego ele todo santo dia. Domingo não, domingo eu pego outras coisas, mas de segunda a sábado eu visto a cara da miséria e pego o Circular Shopping 01. Ele me deixa na porta do trabalho, um trajeto curto, coisa de cinco a oito minutos dependendo do tráfego e dos semáforos, que são dois: um logo na saída do terminal e outro pouco antes da curva.

Todo dia, tanto no ônibus das 12h30min quanto das 12h45min, eu sinto o cheiro de peido. Eu entro no ônibus, me agarro no cabide do balaio e sinto a merda do cheiro. Aí vou pensando nisso enquanto o trajeto se vai.

Todo mundo peida. Eu peido, tu peidas, ele peida. Nós peidamos. Vós... peidais. Eles peidam. Mas esse peido é foda, que peido mais fedido. Que merda de peido é essa? Peido de macaxeira? De abobrinha com chuchu e carne moída? Peido de carne de sol ou de tripa de porco frita? Ai meu Deus do céu, alguém peidou e essa merda ta fedendo pra caralho.

Eu peido também. Eu sou como qualquer outro. Peidar é natural, mas por que o peido dos outros fedem muito mais que os nossos por mais fedidos que os nossos sejam? Eu não sei... eu continuo peidando também.

Tem gente que peida baixinho, que tenta segurar e até se mexe na cadeira. Dá aquela travadinha no cu pra sair de fininho, um peidinho sem vergonha que esquenta como ninguém o rabo. Esse tipo de peido é aquele que não sai da gente, daqueles que podem sumir quando a gente levanta da cadeira pra espantar o ar quente ou do tipo que entra por osmose em nossa pele e pode levar uma semana de banhos pra sair. A ponto de você estar na cama com uma mulher pra dar aquela trepada e ela vai lhe lamber o saco ou o cu e ela vai beijando seu pau e pensando Nossa, que delícia. Aí desce mais um pouco, Nossa, que delícia. Aí chega à divisa da Bahia com o Espírito Santo, muda a fisionomia e imagina Nossa, isso aqui ta fedendo peido. E você sequer ficará sabendo. Ela dá uma brochada e a foda com certeza não será mesma. Ela vai simular um orgasmo. Por mais que você esteja comendo como ninguém a comeu na vida, ela vai olhar pra sua cara e lembrar-se do seu cheiro de peido. E um dia ela vai falar com as amigas isso. E você terá cara de peido pro resto da vida pra essas pessoas. Ninguém mandou você soltar aquele peidinho no final do expediente, aquele miudinho que ninguém deveria saber e ele entranhou na sua carne, tornou sangue do seu sangue, e você passou a ser um cara que fede a peido até que ele resolva sair.

Tem gente que peida na mão e leva no nariz dos outros. Eu já fiz isso. Soltei um peido na mão e levei no nariz do meu primo. Ele comia ovo e vomitou. Isso faz anos, talvez ele não lembre mais disso, mas pra mim foi um momento histórico, um marco na minha carreira como peidador profissional. Peido que valeria medalha de ouro nas Olimpíadas. Não é qualquer um que consegue tal façanha. Eu sou foda. Quem nunca fez isso deveria fazê-lo uma vez na vida. Se permitir experimentar. Deixar a vida fluir, o peido voar. Eu sou feliz por isso.

Tem gente que peida e anda ao mesmo tempo. Solta ele silencioso ou mais ratatá. Eu consigo fazer ambos. Patrícia diz que é um grande mistério, que ela não tem esse dom, que ela tem que parar pra peidar. Mas eu peido andando sem me borrar todo. Quando eu sinto que é diarréia, lógico que não me arrisco. Mas se o estômago vai bem, eu peido fácil também. Caminhando, correndo, dançando. Dançando é até melhor, porque o som está alto e ninguém vai ouvir aquele peido magistral que só você sentiu. É como ter um parto. Acho que soltar um peido é como parir um filho, só que peido você não tem que levar pra escola, acordar de madrugada pra cuidar, levar ao médico. Eu nunca cheguei num consultório e disse: Doutor!! Meu peido está mal, eu não sei o que é. Ele não me fala, ele só fede! Olha Doutor! Salva meu peido! É diferente. Mas você o alimenta diariamente, trata-o com carinho. Eu levo meu peido ao cinema, à discoteca, ele toma sorvete comigo e pega um bronze na praia. Meu peido é meu companheiro em cafeterias modernas e escuta jazz também. Meu peido vai a show de rock, a puteiros baratos, toma uísque e vinho, come arroz com legumes, lê Camões e Nietzsche, anda de bicicleta e aposta no bicho. Meu peido é um menino responsável, de fazer suas orações todo dia e pedir a Deus que o ilumine. Meu peido é muito mais intelectual que eu talvez. É um peido com mestrado e doutorado. Um doutor peido.

Tem gente que peida com prazer. Os peidos assim são mais alegres, aqueles que chegam com risadas abdominais, peidos vanguardistas, coisa de quem tem o espírito elevado, peidos que não mais vão se reencarnar. Vão sair e alcançar o céu. São os peidos santos. São perdoados por mais que fedam, porque são sinceros. Não são peidos contidos, peidos mentidos, são peidos com realeza. Tem gente que faz até uma brincadeirinha de pedir ao parceiro que lhe puxe um dedo da mão pra soltar o seu traque. Isso eu já fiz. Mas ultimamente me falta intimidade com as pessoas. Eu não sou de entregar o dedo pra qualquer um puxar. Sou um cara reservado demais e é preciso confiança hoje em dia. E sinto falta desses peidos, eles me faziam bem e não sabem disso.

As pessoas peidam muito em local público. Feira ao ar livre e estádios de futebol são oportunos, talvez os melhores lugares. Quando o Cruzeiro foi campeão brasileiro, logo que o juiz deu o apito final, eu joguei o copo pro alto e, ao pular, meu peido saiu. Ele também é Cruzeiro. Vibramos juntos e foi ótimo. Cantamos o hino umas cinco vezes até que o capitão erguesse a taça e, de lá, seguimos para outro local e continuamos bebendo e comemorando.

O ônibus fez a curva. Eu puxei a cordinha, dei o sinal. O fedor já havia passado. As janelas estavam abertas, o vento resolveu nos ajudar e levou aquela merda em partículas para o além. O motorista ainda não havia freado, mas a porta se abriu. Eu dei um pulo pra fora: - Graças a Deus saí dessa desgraça!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Clima Quente em Brasília


Cada caso, uma sentença

É engraçado como cada caso traz uma sentença. O caminho distinto que você tomou para chegar em casa e foi assaltado naquela esquina desconhecida, o babaloo tuti-fruti que você pediu na falta do sabor melancia e a gastrite que lhe atacou meia hora depois, o rabo de saia que você olhou despercebido e o tapa na cara da patroa que de desatenta não tem nada. A vida é assim, a cada porta escolhida mil se fecham e outras mil e uma se abrem e você acaba sendo o principal causador da desgraça toda. Mas existem, claro, bons exemplos, como o assento no avião que você trocou de última hora e foi contemplado com um parceiro de fileira cheio da nota a procura de um cara de tacho como você ou a gostosa que usa uma saia oito dedos acima do joelho. Como disse, cada caso uma sentença.

Pois que mesmo que na vagareza barricheliana a Justiça brasileira começa a ser feita e, em tempos de crise, as remelas começam a sair dos olhos e os cílios já nao cintilam como antigamente na cara dos parlamentares. Acabou a gracinha de empregada ir lavar roupa no fim de semana em Brasília, sogra ter férias prolongadas no Chile e amante dar uma rapidinha num feriado de 1o de maio. O circo perdeu sua platéia e agora os palhaços não sabem como fazer seus espetáculos. Observamos o fim de uma era que já vinha acontecendo há tempos e nós, meros cidadãos, nem sabíamos em que nível se encontrava. Mas a democracia, mesmo que sob pelos lulísticos, mostra tambem que não dá para viver somente de caviar enquanto os novos tempos pedem pão com ovo... se bem que, ainda assim, para eles dá pra colocar um bife de alcatara nesse francesinho 50g.

A tendência, contudo, é que certos gastos façam os políticos refletir o quanto eles reclamam de barriga cheia. Uns reclamam, quebram o pau e até ministro não se contém. Sobrou nervosismo para tudo que é canto e eu, em meu quartinho mal arrumado, medito o dobro pra ver se um pouco de energia positiva paira sob o céu tupiniquim rumo à Esplanada. Estou criando uma corrente bem a la Bob Marley, positive vibration forever, sem escalas ou conexões, apenas com plano de vôo determinado e decolagem sem atrasos. Para manter o estômago quente, duas barrinhas de cereais porque bobo que é esperto pelo menos pede repeteco em destinos domésticos pra amenizar a mesquinharia das companhias aéreas. Numa dessas idas e vindas da comissária, quem sabe nao rola um olhar 43 eu realizo meu fetiche de farra boa num banheiro de avião?

Eu queria deixar claro que atualmente, a capital da qualidade de vida tem se tornado a capital da qualidade de greve. SUS fora da área, enfermeiros protestando, médicos também, onibus já parou, falta água encanada até para o banho e nem o mar tem trazido as mesmas ondas. Em tempos de crise mundial, a maré realmente nao é das melhores pra surfistas de plantão. Mas a gente, como sempre, dá um jeito à base do caneco e água da chuva, afinal, com perfume francês a 150 reais apertar o desodorante por tempo indeterminado é muita extravagância.

Mesmo assim, a gente vai levando... com diploma ou sem diploma, afinal de contas, aquele curso de costureira me serviu pelo menos para aprender a costurar idéias e fazer um textículo "a nivel de". A Forno de Minas acabou e com ela, o sonho da Uai Xente crescer aumenta, afinal, pão de queijo é tao gostoso quanto virilha de perna feminina e eu, bom mineiro que sou, divulgo a marca mesmo que a 128kbps e depois da meia-noite. O que não dá é pra ficar parado, pois, no moto contínuo da vida todo mundo quer fazer seu vai-e-vem.

Barrigada nas costas das marmanjas, porque aos marmanjos so desejo um breve acenar de mãos.

Rodrigo Coimbra